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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

**Biografia

Eu sou uma eterna apaixonada por palavras, música e pessoas inteiras. Não me importa seu sobrenome, onde você nasceu, quanto carrega no bolso. Pessoas vazias são chatas e me dão sono.



Clarice Lispector, escritora e jornalista nasceu em Tchetchelnik, na Ucrânia, no dia 10 de dezembro, tendo recebido o nome de Haia Lispector, terceira filha de Pinkouss e de Mania Lispector. Seu nascimento ocorreu durante a viagem de emigração da família em direção à América.
  Chegando ao Brasil quando tinha um ano e dois meses de idade.Sempre que questionada sobre sua nacionalidade, Clarice afirmava não ter nenhuma ligação com a Ucrânia: "Naquela terra eu literalmente nunca pisei: Fui carregada de colo" - e que sua verdadeira pátria era o Brasil.


                                                
Estátua de Clarice, em Recife - Pernambuco. 


  A família chegou a Maceió em março de 1926, sendo recebida por Zaina, irmã de Mania, e seu marido e também primo, José Rabin. Por iniciativa do pai, todos mudaram de nome, apenas externamente, pois continuaram com seus nomes nos registros de nascimento. Tânia, sua irmã, continuou com seu nome tanto nos documentos quanto usando normalmente, pois seu nome era comum no Brasil. O pai passou a se chamar Pedro; Mania, Marieta; Leia, sua irmã, Elisa; e Haya, por fim, Clarice. Pedro passou a trabalhar com Rabin, já um próspero comerciante.
  Sua mãe morreu em 21 de setembro de 1930, quando Clarice tinha apenas nove anos, após vários anos sofrendo com as consequências da Sífilis, contraída por conta de um estupro coletivo sofrido por ela durante a Guerra Civil Russa, enquanto a família ainda estava na Ucrânia, e guerrilheiros invadiram a residência da família, como faziam em todas as casas, roubando, batendo, estuprando e matando moradores. A doença da mãe só foi descoberta no Brasil, por que seu pai também foi infectado, pois mantinha relações com a esposa sem proteção, e por ser homem, a doença logo foi diagnosticada e curada. Como precaução, foram feitos exames na mãe de Clarice, e foi descoberto que ela também possuía essa doença sexual, mas nada pôde ser feito por sua mãe, pois a doença já estava em estágio avançado, justamente pela mulher ter maior dificuldade de um diagnóstico preciso. 
  Clarice sofreu muito com a morte da mãe, vendo-a definhar de dor na cama, pouco a pouco, e muitos de seus textos refletem a culpa que a autora sentia em não poder fazer nada para ajudar a mãe.Porém , existem controvérsias em relação a morte da mãe de Clarice, tendo em vista que não existem registros que comprovem que ela realmente sofria com a Sífilis.Em suas obras, Clarice conta apenas que a mãe possuía "uma doença", e por isso,a existência de muitas hipóteses a respeito de que doença era.
  Quando tinha quinze anos, seu pai decidiu se mudar para a Cidade do Rio de Janeiro. Sua irmã Elisa conseguiu um emprego no ministério, por intervenção do então ministro Agamenon Magalhães, enquanto seu pai teve dificuldades em achar uma oportunidade na capital. Clarice estudou em uma escola primária na Tijuca até ir para o curso preparatório para a Faculdade de Direito. Foi aceita para a Escola de Direito na então Universidade do Brasil em 1939, atual Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Se viu frustrada com muitas das teorias ensinadas no curso, percebendo não ser aquela profissão de advogada que queria para sua vida. Refletindo, descobriu um escape: A literatura. Sempre gostou de criar poemas e escreves histórias, e pensou em fazer disto uma profissão, matriculando-se em uma universidade particular de Literatura.
  Em 1938 Transfere-se para o curso complementar do colégio Andrews, na praia de Botafogo. Às voltas com dificuldades financeiras, dá aulas particulares de português e matemática. A relação professor/aluno seria um dos temas preferidos e recorrentes em toda a sua obra — desde o primeiro romance:Perto do Coração Selvagem. Ao mesmo tempo, aprende datilografia e faz inglês na Cultura Inglesa.
  Em 1939 inicia seus estudos na Faculdade Nacional de Direito. Faz traduções de textos científicos para revistas em um laboratório onde trabalha como secretária. Trabalha, também como secretária, em um escritório de advocacia.
   E em 1940 seu conto, Triunfo, é publicado em 25 de maio no semanário "Pan", de Tasso da Silveira. Em outubro desse ano, é publicado na revista "Vamos Ler!", editada por Raymundo Magalhães Júnior, o conto Eu e Jimmy. Esses trabalhos não fazem parte de nenhuma de suas coletâneas. Após a morte de seu pai, no dia 26 de agosto, a escritora — talvez motivada por esse acontecimento — escreve diversos contos: A fuga, História interrompida e O delírio. Esses contos serão publicados postumamente em A bela e a fera, de 1979. Passa a morar com a irmã Tania, já casada, no bairro do Catete. Consegue um emprego de tradutora no temido Departamento de Imprensa e Propaganda - DIP, dirigido por Lourival Fontes. Como não havia vaga para esse trabalho,Clarice ganha o lugar de redatora e repórter da Agência Nacional. Inicia-se, ai, sua carreira de jornalista. No novo emprego, convive com Antonio Callado, Francisco de Assis Barbosa, José Condé e, também, com Lúcio Cardoso, por quem nutre durante tempos uma paixão não correspondida: o escritor era homossexual.
  Em 1942 começa a namorar com Maury Gurgel Valente, seu colega de faculdade. Com 22 anos de idade, recebe seu primeiro registro profissional, como redatora do jornal "A Noite". Lê Drummond, Cecília Meireles, Fernando Pessoa e Manuel Bandeira. Realiza cursos de antropologia brasileira e psicologia, na Casa do Estudante do Brasil. Nesse ano, escreve seu primeiro romance, Perto do coração selvagem.
  Em seguida, em 1943, casa-se com o colega de faculdade Maury Gurgel Valente e termina o curso de Direito. Seu marido, por concurso, ingressa na carreira diplomática.E dois anos depois, muda-se para Belém do Pará (PA), acompanhando seu marido. Fica por lá apenas seis meses.
  O casal volta ao Rio e, em 13/07/44, muda-se para Nápoles, em plena Segunda Guerra Mundial, onde o marido da escritora vai trabalhar. Já na saída do Brasil, Clarice mostra-se dividida entre a obrigação de acompanhar o marido e ter de deixar a família e os amigos. Quando chega à Itália, depois de um mês de viagem, escreve: "Na verdade não sei escrever cartas sobre viagens, na verdade nem mesmo sei viajar." Termina seu segundo romance, O lustre. Recebe o prêmio Graça Aranha comPerto do coração selvagem, considerado o melhor romance de 1943. Conhece Rubem Braga, então correspondente de guerra do jornal "Diário Carioca".
  Em 1948 ,Clarice fica grávida de seu primeiro filho. Para ela, a vida em Berna é de miséria existencial. A Cidade Sitiada, após três anos de trabalho, fica pronto. Terminado o último capítulo, dá à luz. Nasce então um complemento ao método de trabalho. Ela escreve com a máquina no colo, para cuidar do filho. Na crônica "Lembrança de uma fonte, de uma cidade", Clarice afirma que, em Berna, sua vida foi salva por causa do nascimento do filho Pedro, ocorrido em 10/09/1948, e por ter escrito um dos livros "menos gostados" (a editora Agir recusara a publicação).No ano seguinte volta ao Rio. Seu marido é removido para a Secretaria de Estado, no Rio de Janeiro. A cidade sitiada é publicado pela editora "A Noite". O livro não obtém grande repercussão entre o público e a crítica.
   Dois anos depois, escrevendo contos e convivendo com os amigos (Sabino, Otto, Lúcio e Paulo M. Campos), vê chegar a hora de partir: seguindo os passos de seu marido, retorna à Europa, onde mora por seis meses na cidade de Torquay, Inglaterra.Sofre um aborto espontâneo em Londres. É atendida pelo vice-cônsul na capital inglesa, João Cabral de Melo Neto.Em 1959 separa-se do marido e, em julho, regressa ao Brasil com seus filhos.
  Foi hospitalizada pouco tempo depois da publicação do romance A Hora da Estrela com câncer no ovário, diagnóstico desconhecido por ela, já que mesmo fazendo exames anuais como toda mulher, este câncer fora detectado já avançado, mas mesmo que fosse descoberto no começo, não teria como salvá-la: Seu câncer era inoperável. A doença se espalhou por todo seu organismo, e internada, faleceu em 9 de dezembro de 1977, um dia antes de seu 57° aniversário. Foi enterrada no Cemitério Israelita do Caju, no Rio de Janeiro, em 11 de dezembro. Até a manhã de seu falecimento, mesmo sob sedativos, Clarice ainda ditava frases para sua melhor amiga, Olga Borelli, que esteve sempre ao lado da amiga, desde a juventude.
  Os 10 anos da morte da escritora são lembrados com diversas homenagens em sua memória. É aberto ao público o conjunto de documentos que viria a constituir o Arquivo Clarice Lispector do Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa - FCRB, no Rio de Janeiro, constituído de documentos doados por Paulo Gurgel Valente.


**Informações obtidas a partir de pesquisas feitas em outros sites.


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